quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Alergias alimentares - News


Oies hoje foi dia de estudo e segue abaixo os assuntos mais importantes do Simpósio Internacional de Alergias Alimentares realizado pelo Instituto Girassol:
  
O leite materno deve ser sempre mantido e incentivado nos bebês com alergia alimentar e alergia à proteína do leite de vaca ( APLV ).

- Mães que amamentam bebês não alérgicos a proteína do leite de vaca (não APLV) NÃO devem fazer a dieta de restrição ao leite,  pois há estudos mostrando que esses bebês tem maior risco de desenvolverem APLV depois com o contato.  
Portanto,  a mãe que amamenta só deve fazer a dieta de exclusão à proteína do leite de vaca para o bebê com diagnóstico de APLV.

Bebidas vegetais (os famosos leites de arroz,  aveia,  castanha, amêndoas e agora o de inhame) NÃO são recomendadas como substitutas das fórmulas especiais (fórmulas extensamente hidrolisadas e fórmulas à base de aminoácidos livres) para crianças APLV menores de 2 anos de idade (nem nos maiores na minha opinião).
Essas bebidas vegetais são pobres em proteínas e não suprem as necessidades nutricionais de cálcio, zinco e vários outros oligoelementos essenciais para essa fase de pleno crescimento da criança.  
Estudos apontam que as crianças que usam bebidas vegetais apresentam baixo ganho de estrutura (são crianças mais baixas). 

- Crianças APLV que reagem ao ingerir o leite de vaca, mas não reagem via leite materno,  a mãe não precisa fazer a dieta de restrição da proteína do leite de vaca.  Cada caso deve ser avaliado individualmente por um gastropediatra ou por um alergista pediátrico e definido se precisa ou não a dieta materna.

- Os exames de dosagem específica de IgE para alimentos (Rast / Immunocap) não devem ser solicitados para todos os pacientes com suspeita de alergia alimentar, pois o diagnóstico é clínico. Alguns exames podem significar sensibilização e não reação alérgica. Na dúvida, deve-se retirar o alimento suspeito da dieta por um determinado período de tempo para a melhora e depois reintroduzir, o retorno dos sintomas confirma o diagnóstico.

Acredito que esses são os assuntos que mais causam polêmica. 

Dúvidas ? Todos temos, pois alergia alimentar é complexo e é preciso estudar sempre e aplicar condutas com evidências científicas.

Tenham cuidado com modismos e procurem sempre profissionais sérios e competentes.

Dra. Daniela Mendonça 
Gastropediatra 
CRM SC 20908/ RQE 12409


terça-feira, 22 de agosto de 2017

MEU FILHO NÃO FAZ COCÔ, E AGORA?

Os bebês menores de 6 meses de idade que estão em aleitamento materno exclusivo podem apresentar a PSEUDOCONSTIPAÇÃO DO LACTENTE (FALSA CONSTIPAÇÃO DO BEBÊ) que é caracterizada pela eliminação de fezes amolecidas após 3 a 15 dias (algumas literaturas citam até 3 semanas sem evacuar). Isso acontece geralmente entre 2 e 4 meses de idade quando o intestino está em pleno amadurecimento e é uma condição comum e normal em bebês saudáveis que ganham peso e se desenvolvem adequadamente.
Mas se o bebê fica mais de 10 dias sem evacuar e tem cólicas intensas, não ganha peso ou só consegue evacuar por meio de estímulo retal (supositório), esse bebê deve ser avaliado por um gastropediatra para excluir má formação intestinal (como doença de Hirschsprung ), proctite por alergia a proteína do leite de vaca (APLV) e anomalias anorretais (que necessitam do acompanhamento e tratamento da cirurgia pediátrica).

As crianças maiores com dificuldade para fazer cocô apresentam CONSTIPAÇÃO INTESTINAL CRÔNICA FUNCIONAL (intestino preso) que é quando o indivíduo demora dias para evacuar (2 vezes ou menos na semana) e acaba evacuando fezes muito grosseiras (que até entopem o vaso sanitário ) e/ou fezes em cíbalos (em bolinhas) e/ou com muito esforço e sofrimento para evacuar. Algumas vezes, sujam a roupa com pequena quantidade de fezes e a maioria reclama de dor abdominal.
A constipação tem tratamento, converse com seu pediatra e procure um GASTROPEDIATRA.
Dra. Daniela Mendonça
Gastropediatra
CRM 20908 / RQE 12409






sexta-feira, 18 de agosto de 2017

Quais as indicações de se investigar DOENÇA CELÍACA?

A Doença Celíaca é uma enteropatia crônica do intestino delgado, de caráter autoimune, desencadeada pela exposição ao glúten (principal fração proteica presente no trigo, centeio, cevada, aveia e malte) em indivíduos geneticamente predispostos.

O exame para a investigação da doença celíaca deve ser realizado nos pacientes que apresentam:

1)    Sintomas clássicos da doença celíaca:
- Diarreia crônica, associada à distensão abdominal e perda de peso;

2)    Sintomas não clássicos da doença celíaca:
- Baixa estatura;
- Anemia persistente;
- Osteoporose;
- Hipoplasia do esmalte dentário;
- Aftas recorrentes;
- Constipação intestinal refratária ao tratamento;
- Atraso puberal;
- Irregularidade no ciclo menstrual;
- Esterilidade;
- Abortos de repetição;
- Manifestações psiquiátricas (depressão, autismo, esquizofrenia);
- Neuropatia periférica;
- Artralgias (dor nas “juntas”) ou artrites;
- Fraqueza;
- Perda de peso sem causa aparente;
- Alteração das enzimas do fígado sem causa aparente.

3)    Parentes de primeiro grau (pais e irmãos) de pacientes com a doença celíaca;

4)    Doenças autoimunes:
- Diabetes melito dependente de insulina
- Tireoidite autoimune
- Deficiência seletiva de IgA
- Síndrome de Sjögren
- Colestase autoimune
- Miocardite autoimune

5)     Síndrome de Down
6)     Síndrome de Turner
7)     Síndrome de Williams
8)    Dermatite herpetiforme.

Se seu filho apresenta algum desses critérios acima, procure um gastropediatra para realizar o exame de triagem para doença celíaca (que é um exame de sangue) e, se positivo, a confirmação deve ser feita por meio da biópsia do intestino delgado através da endoscopia digestiva alta.
O tratamento da doença celíaca consiste na dieta sem glúten por toda a vida.

Dra. Daniela Mendonça
Gastropediatra
CRM 20908 / RQE 12409





quarta-feira, 9 de agosto de 2017

Você sabia que o leite materno tem lactose?

A lactose é o açúcar do leite e é o segundo principal componente do leite materno.
Por isso, geralmente os bebês não apresentam intolerância à lactose até os 2 anos de idade e quando têm algum problema com o leite, na maioria das vezes é alergia à proteína do leite de vaca (APLV).
A intolerância à lactose é uma síndrome clínica composta por um ou mais dos seguintes sintomas: dor abdominal, diarreia, náusea, flatulência e/ou distensão abdominal após a ingestão de lactose ou de produtos alimentícios contendo lactose. A quantidade de lactose necessária para desencadear os sintomas varia de indivíduo para indivíduo, dependendo da porção de lactose ingerida, do grau de deficiência de lactase (enzima que digere a lactose) e do tipo de alimento com o qual a lactose foi ingerida. A maioria dos casos desenvolve os sintomas no final da adolescência e na vida adulta.
Alergia é uma reação do sistema imunológico a algo que ele considera estranho, no caso da APLV, a reação é contra as proteínas do leite de vaca. Na APLV não mediada por IgE os sinais e sintomas são principalmente gastrointestinais, como diarreia com sangue e muco, vômitos persistentes, refluxo gastroesofágico de difícil controle, cólicas abdominais intensas, distensão abdominal importante, constipação intestinal por proctite e, em associação a esses sinais, o bebê pode apresentar irritabilidade e/ou baixo ganho de peso e/ou assadura recorrente de difícil tratamento. É mais prevalente em crianças menores de 2 anos e tende a melhorar com o crescimento da criança até os 5 anos de idade.
Se o bebê é amamentado e apresenta sinais de APLV, a mãe deve fazer a dieta de restrição à proteína do leite de vaca, ou seja, deve parar de ingerir leite, derivados e alimentos contendo leite. Também deve evitar a proteína da soja e de outros leites animais, como cabra e búfala, pois são proteínas semelhantes a do leite de vaca e podem fazer reação cruzada provocando os mesmo sintomas na criança. No caso da APLV, não adianta usar produtos sem lactose, pois o problema não é a lactose e sim a proteína do leite.
Esse post foi feito para reafirmar que o leite materno é sempre o melhor alimento para o bebê e que existem poucas e raras contra indicações para a amamentação.
Dra. Daniela Mendonça
Gastropediatra
CRM 20908 / RQE 12409


sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Refluxo precisa de exames?

ULTRASSONOGRAFIA ABDOMINAL NÃO é indicada para investigação e diagnóstico de DOENÇA DO REFLUXO GASTROESOFÁGICO (DRGE) em crianças, segundo o Conselho Científico da Sociedade Brasileira de Pediatria e o Consenso de DRGE da ESPGHAN e NASPGHAN (órgãos internacionais de gastroenterologia infantil).
Este método foi proposto inicialmente tendo como argumento a vantagem de não ser invasivo e não envolver exposição à radiação; entretanto, o exame avalia apenas o refluxo pós-prandial (após a dieta). A identificação de episódios de refluxo em períodos de 10 a 15 minutos não é uma informação útil, pois não há parâmetros de normalidade ou anormalidade, uma vez que episódios de refluxo ocorrem naturalmente no período pós-prandial.
A ultrassonografia abdominal é útil para avaliação de má formação gastrointestinal, como estenose hipertrófica do piloro, má rotação intestinal ou de outras doenças intra-abdominais, mas não para o diagnóstico da DRGE.
Esse post é para reafirmar que o diagnóstico de REFLUXO GASTROESOFÁGICO em crianças é CLÍNICO, ou seja, através dos sintomas e do exame físico é definido se é uma doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) ou um refluxo gastroesofágico fisiológico (normal).
Saiba mais sobre refluxo gastroesofágico: DRGE
Na dúvida, procure um gastropediatra para avaliação e tratamento.
Dra. Daniela Mendonça
Gastropediatra
CRM 20908 / RQE 12409



terça-feira, 1 de agosto de 2017

Hoje comemoramos o dia mundial da Amamentação! 

Esse dia foi criado pela OMS para incentivar o aleitamento materno que deve ser exclusivo até 6 meses de idade e depois, a criança deverá receber alimentos complementares, mas mantendo o leite materno até 2 anos de idade ou mais.

O leite materno é o melhor alimento para o bebê, pois além de suprir as necessidades nutricionais,  confere proteção imunológica contra doenças infecciosas e alérgicas,  proteção contra a obesidade e estabelece o melhor vínculo entre mãe e bebê. 

Sabemos que o início da amamentação pode não ser tão fácil,  então se você acabou de ser mãe e está com dificuldade para amamentar seu filho,  procure ajuda com o pediatra, enfermeiras e/ou doulas especializadas no assunto, banco de leite, amigas, avós... mas não desista !


O leite materno é sempre o melhor alimento para o seu bebê. 


Além de gastropediatra,  sou mãe e amamentei. Sou fã e defensora do leite materno ♡♡♡
Dra. Daniela Mendonça
Gastropediatra
CRM 20908 / RQE 12409