segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

COLITE ALÉRGICA

Colite é uma inflamação no intestino.
Na colite alérgica, essa inflamação é causada pelo contato de proteínas alergênicas alimentares com o intestino, provocando lesões microscópicas e sofrimento intestinal.
A principal causa de colite alérgica em bebês e crianças é a ALERGIA A PROTEÍNA DO LEITE DE VACA (APLV).

E a principal manifestação da colite alérgica é DIARREIA COM SANGUE E MUCO.

Portanto, na colite alérgica, o paciente pode apresentar qualquer um desses SINAIS E SINTOMAS:
- DIARREIA (que é o aumento do número de evacuações e/ou a mudança da consistência das fezes para mais amolecidas);
- Fezes com sangue e muco;
- Cólicas intestinais intensas;
- Distensão abdominal (barriga muito inchada);
- Irritabilidade intensa.

É importante frisar que MUCO ISOLADO não é considerado reação alérgica de colite, ou seja, se a criança apresentar muco (catarro) nas fezes sem outros sintomas, é considerado normal. Mas se apresentar fezes com muco e sangue ou presença de muco nas fezes e cólicas intensas ou muco nas fezes e irritabilidade intensa, ou seja, fezes com muco e mais algum outro sintoma, aí sim é considerado reação alérgica.

O bebê com APLV não mediada por IGE (saiba no Post sobre APLV) geralmente precisa de um período entrando em contato com leite para apresentar os sintomas da colite, esse tempo varia de 7 dias a 2 meses em média, mas pode demorar mais. Esse contato pode ser direto ao ingerir leite (fórmulas para lactentes) ou indireta, através da ingestão de leite materno e a mãe consumindo leite, derivados e alimentos contendo leite.
O tratamento da colite alérgica é a exclusão do alimento alergênico da dieta, no caso da APLV, a proteína do leite de vaca deve ser retirada da dieta por um período que varia de 3 meses a 5 anos. (Saiba mais: cura da APLV)
Se seu filho apresenta esse quadro clínico, procure um gastropediatra para acompanhamento e tratamento.
Dra Daniela Mendonça
Gastropediatra
CRM SC 20908


Aspecto das fezes com sangue e muco


quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

FRUTOSEMIA

FRUTOSEMIA OU INTOLERÂNCIA HEREDITÁRIA À FRUTOSE

A FRUTOSEMIA é uma doença genética que ocorre a deficiência da enzima frutose-1-fosfato aldalase B que serve para digerir a FRUTOSE que é o açúcar das frutas, de alguns legumes e do mel. Como o organismo não consegue digerir a frutose, essa se acumula no fígado, rins e intestino, que acarreta vários problemas ao paciente.

O diagnóstico é pensado quando a criança começa a apresentar sintomas após comer frutas, como:
- Dor abdominal
- Vômitos
- Palidez e sudorese
- Letargia (a criança fica mole e sonolenta)
- Hipoglicemia (abaixa o açúcar no sangue)
- Convulsão
- Icterícia (coloração amarelada dos olhos e da pele)
- Aumento do tamanho do fígado

Os exames para confirmação da frutosemia são: 
- Teste de tolerância a frutose (não indicado para a maioria dos pacientes pelos riscos);
-  Pesquisa da deficiência da enzima aldolase (pela biópsia do fígado) 
-  Pesquisa genética da mutação 
(mas como existem várias mutações, esse exame negativo não exclui o diagnóstico).

Portanto, quem tem frutosemia NÃO PODE ingerir frutas, doces, açúcar (sacarose), sorbitol e mel por toda a vida.

Abaixo segue uma tabela dos alimentos permitidos e proibidos na FRUTOSEMIA:

Alimentos permitidos
Alimentos proibidos
Leite materno
Fórmulas infantis com sacarose ou frutose
Fórmulas infantis sem sacarose ou frutose
Frutas (exceto limonada e abacate)
Carne, aves, peixe, ovos
Produtos preparados com açúcar (incluindo carnes processadas)
Leite e produtos lácteos sem adição de açúcar
Frutose
Gorduras sem adição de açúcar
Sorbitol
Gelatina, chá, café
Sacarose (açúcar da cana, açúcar de beterraba, glacê)
Vinagre
Mel, melaço
Glicose, galactose, lactose
Medicamentos com açúcar na composição. Dar preferência para comprimidos
Vegetais (escarola, alface, espinafre, aipo)

Vegetais só 2 vezes por semana (brócolis, couve-flor, rabanete, pimentão verde, pepino)

Cereias (arroz branco, farinha de centeio, farinha de trigo branca)

Cereais só 2 vezes por semana (creme de arroz, creme de trigo, farinha de aveia, farelo de trigo)





Assista minha entrevista sobre frutosemia






quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Doença de HIRSCHSPRUNG

A Doença de HIRSCHSPRUNG, também conhecida como aganglionose intestinal congênita ou Megacólon Congênito, é uma doença caracterizada pela ausência de células ganglionares nos plexos nervosos do intestino.
Em resumo, uma parte do intestino nasce sem a inervação e por isso, a musculatura intestinal não consegue fazer a contração correta para levar as fezes até o reto e portanto, não conseguem evacuar.
As crianças com doença de HIRSCHSPRUNG apresentam intestino preso / constipação intestinal grave (ficam mais de 2 semanas sem fazer cocô), aceitam menos a alimentação, ganham pouco peso (e até ficam desnutridas) e geralmente têm barriga grande e estufada.
O diagnóstico é dado através de um RX contrastado (enema opaco), manometria anorretal e biopsia. 
O tratamento é sempre CIRÚRGICO.
Portanto, se seu filho tem intestino preso, procure um gastropediatra para investigação e tratamento correto.

Dra Daniela Mendonça
Gastropediatra
CRM SC 20908 

sábado, 26 de novembro de 2016

Livro para ajudar seu filho com intestino preso

O lagarto que segurava o cocô é um livro infantil que aborda o comportamento de retenção, que é quando a criança segura o cocô por ter medo de evacuar, o que acontece com frequência após ter feito fezes grosseiras com dor e esforço.

É uma historinha bem divertida e engraçada e, ajuda muito a criança a entender e melhorar dessa fase.
A autora do livro, Rachel Kleinubing, entrou no mundinho infantil e criou o Ubaldo, um lagartinho muito fofo que faz as crianças e nós mamães e papais (e eu Gastropediatra rss) se apaixonarem por ele.


Se seu filho(a) fica mais de 2 dias sem evacuar e/ou quando faz, são fezes em bolinhas ou grosseiras (grandes), ou sofre para fazer cocô ou prende o cocô, ele tem constipação intestinal (intestino preso) e precisa de tratamento. Procure um gastropediatra!

Para saber mais sobre constipação intestinal, acesse:
Constipação no blog

Para comprar o livro, acesse a Editora Inverso:





segunda-feira, 21 de novembro de 2016

INTOLERÂNCIA À LACTOSE

Intolerância à lactose é quando a pessoa não consegue digerir direito a lactose que é o açúcar do leite, isso ocorre por uma má absorção no intestino devido à baixa produção da enzima chamada lactase.
A intolerância à lactose é rara em menores de 2 anos de idade e quando ocorre é transitória, geralmente aparece após uma diarreia infecciosa e tende a melhorar em 2 a 4 semanas. 
A tendência é o ser humano começar a ficar intolerante à lactose após os 5 anos de idade e ir piorando na fase adulta, por isso a maioria das pessoas descobre já quando adulto.
 Os sintomas ocorrem após ingestão do leite de vaca e derivados e são:
- Dor abdominal
- Barriga inchada e com gases
- Náuseas e vômitos
- Diarréia
O diagnóstico é clínico através da avaliação dos sintomas, mas existem exames (teste de tolerância à lactose e teste do hidrogênio expirado) para comprovação. O teste genético de intolerância à lactose ajuda a classificar quem tem predisposição a ser intolerante, mas não comprova a intolerância no momento do exame.
O tratamento é nutricional com a retirada da lactose da dieta (leite zero lactose e derivados sem lactose) e atualmente já está disponível no Brasil a lactase em forma de medicação, que é a enzima que digere a lactose.
Dra. Daniela Mendonça
Gastropediatra
CRM SC 20908
OBS: A intolerância à lactose é totalmente diferente de Alergia a proteína do leite de vaca (APLV). O intolerante pode consumir produtos que contém leite de vaca (em quantidades menores), já o alérgico não pode ingerir nem entrar em contato com a proteína do leite de vaca. 
Saiba mais sobre APLV:   APLV




quinta-feira, 17 de novembro de 2016

APLV X CURA

APLV TEM CURA???
Vc sabia que a maioria das crianças com alergia a proteína do leite de vaca (APLV) vão melhorar com o tempo?
Os dados abaixo, consideram a porcentagem de melhora dos pacientes APLV mediados e não mediados por IgE :
       50 % no primeiro ano de idade
       75 % aos 3 anos de idade
       90 % até os 6 anos de idade
Estudos recentes mostram que até 70 a 80 % das APLV NÃO mediadas por IGE vão se tornar tolerantes (ou seja, vão estar curados) até 2,5 anos de idade. Portanto, a partir de 1 ano, deve-se programar o enfrentamento ou a provocação oral (que é oferecer aos poucos a proteína do leite à criança) a cada 4-6 meses para avaliar o desenvolvimento da tolerância à proteína do leite de vaca.
Lembrando que o tratamento da APLV é sempre nutricional com a exclusão do leite, derivados, alimentos contendo leite e traços de leite e em alguns casos, também é necessária a exclusão da soja na dieta.
Esse tópico é para acalmar as mães de crianças com APLV e dizer que tudo é uma fase e que vai melhorar.
Também gostaria que as mães de crianças APLV já tolerantes (curadas) escrevessem aqui nos comentários para as mamães que estão entrando agora nesse mundo, para dar força que no final dá tudo certo.
Dra Daniela Mendonça
Gastropediatra
CRM SC 20908

Mais informações sobre APLV curta a fanpage ou aqui no meu blog:
APLV no blog
Qualquer dúvida, me escreva J





terça-feira, 15 de novembro de 2016

REFLUXO GASTROESOFÁGICO NOS BEBÊS E NAS CRIANÇAS

Os bebês refluem, vomitam, golfam... mas será que todos têm refluxo?
Saiba mais sobre o assunto !!!
- Refluxo gastroesofágico fisiológico: o leite/alimento volta do estômago para o esôfago e boca, geralmente evoluindo com vômitos, mas a criança ganha peso, é feliz e não adoece. Comum até 6 meses de idade em bebês que mamam leite materno ou fórmulas lácteas, melhora progressiva após a introdução de alimentos sólidos. Não precisa de tratamento medicamentoso na maioria dos casos.
- Doença do refluxo gastroesofágico (DRGE): a criança vomita, geralmente perde peso, é irritada ou incomodada, perde o apetite ou mama em excesso, se arqueia para trás após as mamadas, tem o sono inquieto. Precisa de tratamento medicamentoso e acompanhamento com gastropediatra.
- Refluxo gastroesofágico oculto: a criança normalmente não vomita ou vomita pouco, mas tem otites de repetição, chiado no peito que não melhora com as medicações de controle, perda de peso inexplicável, irritabilidade sem motivos aparentes. É um diagnóstico difícil, precisa de acompanhamento com gastropediatra e algumas vezes de exame específico.
Se seu filho (a) tem sintomas de refluxo, converse com o seu pediatra e marque uma consulta com a gastropediatria.
Dra. Daniela Mendonça
Gastropediatra
CRM SC 20908

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Grupo de apoio - APLV e intolerâncias alimentares


Foi pensando no impacto emocional que o diagnóstico de um filho com alergia a proteína do leite de vaca (APLV) causa na mãe e na família que surgiu a idéia de um grupo de apoio que é realizado em Itajaí SC.

Se vc é mãe de um bebê com APLV ou de um filho com alguma intolerância alimentar e está precisando de apoio, entre em contato com a psicóloga Ana Paula Petry, via email anap.petry@gmail.com ou pela fanpage Gestando e Aprendendo.


sábado, 5 de novembro de 2016

VACINA DO ROTAVÍRUS

Hoje é um tópico com perguntas e respostas sobre a vacina do rotavírus, tão polêmica atualmente, mas tão importante.
1) Para que serve a vacina do Rotavírus?
- A vacina protege contra gastroenterite aguda (diarréia e vômito) causada por infecção pelo rotavírus.
A infecção por rotavírus é a causa mais comum de diarréia grave em crianças menores de 5 anos de idade, responsável por um grande número de internações devido à gravidade que a doença acomete o paciente.
2) A vacina é segura?
- Sim, deve ser feita em todas as crianças aos 2 meses, 4 meses e 6 meses de idade.
3) Quem NÃO pode receber a vacina?
- Pacientes com imunodeficência primária ou secundária (HIV);
- Pacientes com má formação gastrointestinal congênita não corrigida;
- História de intussuscepção anterior;
- Pacientes que apresentaram reações de hipersensibilidade conhecida após administração da primeira dose da vacina.
4) Quais os efeitos adversos da vacina?
- São geralmente leves: irritabilidade, perda do apetite, diarreia, vômito, flatulência, dor abdominal e febre baixa.
5) A vacina do rotavírus causa Alergia a proteína do leite de vaca (APLV)?
- NÃO, não há nenhum estudo científico demonstrando aumento ou desencadeamento de APLV nas crianças que receberam a vacina do rotavírus;
- O que acontece nessas crianças é que o intestino já estava sensível e como a ação da vacina é intestinal, os sintomas da APLV podem ficar mais evidentes.
6) O paciente com APLV pode receber a vacina do rotavírus?
- A maioria SIM, mas cada caso deve ser avaliado individualmente.
7) Alguns bebês podem apresentar sangue nas fezes após a vacina do rotavírus?
- Sim, algumas crianças podem apresentar laivos de sangue nas fezes após 2-3 dias da vacina e durar até 40 dias, com melhora espontânea e não contra indica as próximas doses da vacina.
- Esses casos podem ser confundidos com Alergia a proteína do leite de vaca (APLV), mas tendem a melhorar independente da dieta.
Sempre que a mãe perceber sangue nas fezes do bebê, deve levá-lo ao pediatra para avaliar se é intussuscepção / invaginação intestinal (quadro mais grave), APLV ou reação vacinal.
Dra Daniela Mendonça
Gastropediatra
CRM SC 20908
Qualquer dúvida, escreva aqui  ou me escreva via email: danielagastropediatra@outlook.com

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Vacinas X Alergia Alimentar

Você sabia que existem vacinas que contêm proteínas alimentares (como as proteínas do leite de vaca e do ovo)?
O paciente que apresenta alergia alimentar deve conversar com seu médico antes de realizar qualquer vacina, pois a maioria tolera bem as vacinas contendo proteínas alimentares, mas alguns alérgicos apresentam reações graves e só devem receber essas vacinas em ambiente hospitalar ou nem poderão receber.
Vacina que contém LEITE:
- TRÍPLICE VIRAL do Serum Institute of India.
Vacinas que contêm OVO:
- GRIPE 
- FEBRE AMARELA
- TRÍPLICE VIRAL E TETRA VIRAL
Dra Daniela Mendonça
Gastropediatra
CRM SC 20908
Na dúvida, converse com seu médico ou me escreva aqui  ou via email danielagastropediatra@outlook.com

terça-feira, 1 de novembro de 2016

Constipação intestinal na infância

CONSTIPAÇÃO INTESTINAL crônica funcional na infância ou INTESTINO PRESO é quando a criança demora dias para evacuar ( 2 vezes ou menos na semana) e acaba evacuando fezes muito grosseiras (que até entopem o vaso sanitário ) e/ou fezes em cíbalos (em bolinhas ) e/ou com muito esforço e sofrimento para evacuar. Algumas vezes, sujam a roupa com pequena quantidade de fezes e a maioria reclama de dor abdominal. 
A constipação tem tratamento !!!!
Dra Daniela Mendonça 
Gastropediatra 
CRM SC 20908

Se seu filho apresenta esse quadro clínico, procure um gastropediatra.



Assista minha entrevista sobre constipação intestinal na infância:



segunda-feira, 31 de outubro de 2016

DESFRALDE


Oies bom dias, esse tópico sobre o desfralde é muito  interessante e ajuda muito a entender como funciona o desenvolvimento da criança, se vc é mãe / pai e está passando por essa fase, dá uma lidinha.
A retirada das fraldas é um marco de crescimento extremamente importante na primeira infância: sai de cena o bebê que deita para receber cuidados e entra uma criança que precisa ser mais independente e autônoma para fazer por si mesma. 
É necessário que a criança tenha as condições de entender o processo para que ela possa ser desfraldada sem que isso cause transtornos emocionais, psicológicos e até clínicos. Algumas crianças que ainda não estão preparadas para esse processo podem evoluir com constipação intestinal (intestino preso) ou infecção urinária, por isso é preciso avaliar se a criança está realmente preparada para o desfralde.
Cada criança é única e precisa ser acompanhada individualmente. Normalmente, qualquer tentativa antes dos 2 anos, pode ser frustrante para todos. O desenvolvimento neuropsicomotor da criança deve ser respeitado e sabemos que os esfíncteres que controlam as eliminações de urina e fezes estão maduros neurologicamente entre 2 anos e meio a 3 anos de idade.
Portanto, devemos observar fases da criança para iniciar o desfralde:
- FASE -1 – A criança consegue te avisar que FEZ
Essa percepção da criança em sentir que está com xixi ou cocô demonstra que ela está iniciando o processo do desfralde, mas precisa ter as 3 fases associadas para obter sucesso com a retirada das fraldas.
FASE -2 – A criança consegue te avisar que ESTÁ FAZENDO
Nessa fase, a criança começa a ter a sensação da passagem de suas eliminações pelo reto e pela uretra, mas ainda não consegue reter ou segurar. Ou seja, falta a consciência do ato.
FASE -3 – A criança consegue te avisar que QUER FAZER
A criança já consegue avisar, controlar e segurar as fezes e urina. É nessa fase que o desfralde deve ser realizado e será rápido, tranquilo e sem traumas.
O ideal é respeitar o tempo de cada criança, dar apoio emocional e motivar para que o desfralde seja realizado de forma tranquila e segura.


Assista meu vídeo sobre DESFRALDE  com a psicóloca Ana Paula Petry no site:
http://www.licencamaternidade.com/paternidade/dicas-para-um-desfralde-tranquilo/

Dra Daniela Mendonça 
Gastropediatra 
CRM SC 20908
Qualquer dúvida, me escreva aqui ou via email: danielagastropediatra@outlook.com
 

domingo, 30 de outubro de 2016

Dessensibilização oral - APLV

Recentemente começou a circular na internet sobre um tratamento para as alergias alimentares / alergia a proteína do leite de vaca ( APLV ) chamado dessensibilização oral ou imunoterapia oral, então resolvi abordar o assunto.
A dessensibilização oral a alimentos consiste na oferta de doses ínfimas e crescentes dos alimentos (especialmente leite e ovo) em intervalos regulares, para que se obtenha um condicionamento do organismo a não reagir a determinadas porções dos alimentos que causam alergias. O procedimento deve ser realizado apenas por médicos experientes, em ambientes preparados para o controle de possíveis reações.
As indicações atuais da dessensibilização oral são os pacientes maiores de 5 anos de idade com alergia alimentar mediada por IgE, que são as alergias mais graves e persistentes.
Na dúvida, procure um médico especialista: gastropediatra ou alergista pediátrico.
Dra Daniela Mendonça 
Gastropediatra
CRM SC 20908



FPIES

FPIES (Food Protein Induced Enterocolitis Syndrome) ou Síndrome da Enterocolite Induzida por Proteína Alimentar é uma hipersensibilidade gastrointestinal a alimentos, não mediada por IgE.
A criança com FPIES normalmente apresenta vômitos repetitivos, diarreia e resposta inflamatória sistêmica que pode evoluir com desidratação aguda, letargia e queda de pressão arterial seguida choque hipovolêmico (15–20% dos pacientes).
No início, a criança apresenta regurgitação frequente e sangue nas fezes. Por essa razão é comum suspeitar de alergia a proteína do leite de vaca. O diagnóstico diferencial normalmente é feito após a reexposição ao alérgeno quando a criança apresenta o padrão sintomático agudo de FPIES: cólicas intensas, irritabilidade e vômitos abundantes de 2 (duas) à 6 (seis) horas após a ingestão do alimento.
A FPIES é considerada a mais grave das hipersensibilidades alimentares gastrointestinais não mediadas por IgE. Por essa razão, sua gravidade deve ser considerada assim como a reação anafilática entre as crianças com alergia alimentar.
O diagnóstico da FPIES, assim como da alergia alimentar, é baseado na história clínica, dieta isenta dos alérgenos suspeitos, seguida do teste de provocação oral. Na FPIES os testes alérgicos que medem a presença de IgE específica para os alimentos no sangue (RAST, ImmunoCap) e na pele (prick test) são negativos. Endoscopia e biópsias não são rotineiramente realizadas, pois além de serem exames invasivos não fornecem um resultado diferencial.
A FPIES é normalmente desencadeada pelo leite de vaca ou soja, sendo que cerca de 50% dos pacientes reagem aos dois alimentos. Além desses, um dos alimentos mais associados à FPIES é o arroz, seguido da aveia.
O tratamento da FPIES é semelhante ao da alergia alimentar, é preciso seguir a dieta isenta das proteínas que desencadearam a reação.
Dra Daniela Mendonça
gastropediatra
CRM SC 20908
Dúvidas: mensagens aqui ou mande um email para danielagastropediatra@outlook.com

sábado, 29 de outubro de 2016

Esofagite Eosinofílica

A esofagite eosinofílica é uma doença crônica imunomediada caracterizada por sintomas semelhantes aos da doença do refluxo gastroesofágico, mas com infiltração eosinofílica do epitélio esofágico.
Os pacientes com esofagite eosinofílica podem apresentar como queixas:

- Disfagia (dificuldade para engolir)

- Impactação alimentar (sensação do alimento ficar parado na garganta )

- Dor torácica 

- Vômitos 
- Dor abdominal 
Nesses casos, há indicação de endoscopia digestiva alta e biópsia. 
Nos resultados das biópsias são vistos eosinófilos (15 ou mais) no tecido do esôfago. 
Os eosinófilos são células inflamatórias também encontrados em processos alérgicos. Por isso, há uma relação entre doenças alérgicas (alergia alimentar, asma, dermatite atópica) com a esofagite eosinofílica, mas a real causa da doença ainda é desconhecida.

O tratamento é baseado na dieta elementar ou na eliminação de um ou vários alimentos alergênicos, conforme exames e prick test. Além da dieta, são utilizadas medicações específicas - corticóides e inibidores de bomba de prótons.
O tratamento é longo com necessidade de controle endoscópico periódico para avaliar se está melhorando.

É uma doença complexa, que ainda precisa de mais estudos.
Dra Daniela Mendonça 
gastropediatra 
CRM SC 20908

Dúvidas? Envie mensagem ou envie email: danielagastropediatra@outlook.com



Manteiga Ghee X APLV

A manteiga Ghee é o óleo purificado da manteiga, onde toda a água e os elementos sólidos e toxinas da gordura do leite e a maioria da lactose são removidos.
O método é simples e artesanal: manteiga fresca aquecida em fogo baixo, em banho maria ou direto na panela até ela derreter e formar 3 camadas visíveis e muito distintas: espuma branca em cima - que são as toxinas e impurezas da manteiga – gordura pura no meio (manteiga ghee) e no fundo os resíduos sólido de leite. Depois de esfriar, com uma colher você vai retirando a espuma de cima até sobrar as outras duas fases, amarela de gordura e branca de leite. Descarte a camada de leite e fique apenas com a gordura. A gordura que sobrou, é a manteiga Ghee.

Como o processo de fabricação da Ghee é artesanal não tem como remover todas as proteínas do leite.

Portanto, a manteiga Ghee tem PROTEÍNA DO LEITE DE VACA e NÃO deve ser consumida pelos alérgicos a proteína do leite de vaca (APLV).
Essa é a recomendação dos órgãos de imunologia/alergia (FARE-Food Allergy Research e Education, American College of Allergy, Asthma e Immunology, ASBAI-Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia).
Dra Daniela Mendonça 
Gastropediatra 
CRM SC 20908

Dúvidas? Me escreva: danielagastropediatra@outlook.com


Traços de leite - APLV

Quando é dado o diagnóstico de Alergia a proteína do leite de vaca ( APLV ), além da exclusão do leite de vaca e derivados, pedimos a mãe para não ingerir traços de leite (quando está amamentando) e não deixar a criança entrar em contato com traços de leite.

Mas o que são traços de leite? 

São pequenas contaminações da proteína do leite em alimentos e utensílios que já entraram em contato com leite.


Alguns alimentos que não contêm leite, como o pão francês, são manipulados nos mesmos locais de alimentos contendo leite, portanto contém traços de leite. Assim como a maioria dos alimentos em restaurantes e lanchonetes.

Na indústria alimentícia, essa questão é mais rigorosa, então quando se compartilha maquinário mesmo que higienizado, já é considerado contendo traços de leite.

Na nossa cozinha, devemos separar os utensílios de plástico e a esponja, como são porosos acabam absorvendo o leite. Portanto, a mamadeira (de plástico) que já entrou em contato com a proteína do leite de vaca deve ser substituída por uma nova. Utensílios de vidro e inox não contaminam, mas o ideal é deixar tudo separado de uso da mãe e do bebê.

E até quando precisamos controlar os traços? Essa resposta é difícil, mas o ideal é manter esse controle pelo menos 30 a 45 dias após a melhora dos sintomas do paciente. Atualmente já se sabe que após um período do paciente estável é importante a reintrodução gradual dos traços de leite.
Não podemos esquecer que a APLV vai melhorar com o tempo e que 95 % dos pacientes se tornam tolerantes (curam) até 5 anos de idade.
Dra. Daniela Mendonça 
Gastropediatra 
CRM SC 20908

Qualquer dúvida, me escreva aqui ou via email: danielagastropediatra@outlook.com

APLV - Alergia a Proteína do Leite de Vaca

ALERGIA À PROTEÍNA DO LEITE DE VACA (APLV)

Alergia é uma reação do sistema imunológico a algo que ele considera estranho, no caso da APLV, a reação é contra as proteínas do leite de vaca.

O reconhecimento e o diagnóstico ainda são difíceis, uma vez que ainda não há um teste único ou combinação de exames para definição, sendo o diagnóstico na maioria das vezes realizado pelos sintomas clínicos.

Além disso, cada criança pode apresentar uma forma e intensidade diferente da APLV.

Os sintomas são variados e podem ser separados conforme o tipo de mecanismo imunológico.


• Alergia NÃO mediada por IgE :
(não há produção do Anticorpo IgE)
- Sangue e muco nas fezes 
- Diarréia persistente
- Vômitos /regurgitações 
- Refluxo gastroesofágico de difícil controle
- Baixo ganho de peso
- Distensão abdominal
- Cólicas abdominais intensas
- Irritabilidade extrema
- Assaduras recorrentes ou de difícil tratamento


• Alergia mediada dor IgE (Reações Imediatas)
(Existe produção do Anticorpo IgE)
- Síndrome de alergia oral (fica vermelho ao redor da boca após contato com o leite)
- Anafilaxia gastrointestinal (vômitos e diarréia logo após ingerir leite)
- Urticária (manchas vermelhas na pele)
- Angioedema (incha os olhos e a boca)
- Rinite e conjuntivite alérgicas
- Choque anafilático


• Alergia mista (há envolvimento dos dois mecanismos)
- Dermatite atópica
- Asma Brônquica
- Esofagite eosinofílica


O tratamento é NUTRICIONAL, portanto a proteína do leite de vaca deve ser excluída da dieta da criança por um período que pode variar de 6 meses a 5 anos, mas alguns poucos casos por mais tempo. 
Atualmente são usados “leites especiais” para a substituição do leite de vaca, que são as fórmulas extensamente hidrolisadas ou à base de aminoácidos, sendo as únicas indicadas para uma dieta adequada em crianças com APLV. Quando o bebê mama leite materno, a dieta de exclusão é feita na mãe e o leite materno sempre deve ser mantido.
Algumas crianças APLV também reagem a proteína da soja e nesses casos, também deve ser retirada da dieta.
O importante é que a maioria das crianças melhoram, ou seja, se tornam tolerantes a proteína do leite de vaca, mas para que isso aconteça é necessário a exclusão da proteína alergênica da dieta por um tempo.
Os pais e a família das crianças com APLV precisam de apoio e informações claras, por isso, procurem um bom pediatra ou gastropediatra ou alergista pediátrico para acompanhar. 
Seu filho precisa de uma consulta bem feita e de um profissional competente, atencioso e disponível, que explique sobre a alergia e esteja acessível para as dúvidas e intercorrências que poderão surgir.


Assista minha entrevista sobre APLV:


Dra Daniela Mendonça
Gastropediatra
CRM SC 20908

Qualquer dúvida, entre em contato: danielagastropediatra@outlook.com